The Beatles: De Love Me Do À Última Nota, O Fim De Uma Era

Mundo Gonzo
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Em algum lugar no caos de outubro de 1962, um pequeno compacto foi lançado no mundo – “Love Me Do”. Nada chamativo. Simples até. E ali estava. Os Beatles, a banda de Liverpool com um nome que mais parecia saído de um laboratório de entomologia, estavam longe de qualquer expectativa grandiosa. Mas não, eles não tinham chegado lá. Pelo menos, não ainda. A música alcançou o modesto 17º lugar nas paradas britânicas. Parecia apenas mais uma faixa em meio a tantas. Só mais uma... ou talvez o começo de algo que ninguém poderia prever.

 

A gênese dessa saga não começou com fogos de artifício. Em 1958, dois moleques, Paul McCartney e John Lennon, estavam apenas tocando algumas notas desconexas no sofá da casa de Paul. Sem grande ambição além de se livrar do tédio. Eles não sabiam, mas estavam criando uma revolução cultural que faria Woodstock parecer uma piada de mau gosto. Os Beatles? Não, eles ainda eram The Quarrymen, um nome que só um bêbado de Liverpool entenderia. Mesmo assim, Liverpool – uma cidade que mal se aguentava – seria o epicentro do terremoto que estava por vir.

The Beatles em Hamburgo, com Pete Best e Stu Sutclife -Imagem: Reprodução/Beatles museum

 

Então veio Hamburgo. Ah, Hamburgo! O lugar que faria o inferno parecer um parque de diversões. No coração sombrio do bairro de St. Pauli, entre sexo, drogas e rock’n’roll, os Beatles foram esculpidos. Tocavam noite após noite, até que seus dedos sangrassem, até que suas mentes se partissem. Ali, em bares sujos e esfumaçados, eles se tornaram uma banda. Hamburgo os endureceu, os moldou. Mas também os quebrou. Stuart Sutcliffe, o quinto Beatle, ficou para trás. E como ficou! Seu corpo, sua mente, tudo desmoronou. Ele morreu.

 

Os Beatles no Cavern Club - Foto: Reprodução/ Liverpool Beatles Museum
 

Quando voltaram para Liverpool, cheirando a cigarro barato e decadência, o Cavern Club tornou-se o ringue de boxe onde eles lutariam contra o destino. Brian Epstein viu algo neles. Um vendedor de discos com mais ambição do que bom senso. Ele enxergou os diamantes sob o couro e a arrogância. Epstein os levou para George Martin, um produtor que – para nossa sorte – tinha uma paciência de Jó. Aí, o caos realmente começou. Ringo Starr? Substituído temporariamente. E “Love Me Do”? Levou 17 takes até ficar mais ou menos boa. Se alguém apostava nos Beatles, era só por caridade. Mas Epstein não desistiu. O resto é história.

 

Single de Love Me Do


Love Me Do abriu a porta. Foi uma pedra jogada num lago tranquilo, criando ondas que engoliriam o mundo. Se alguém soubesse naquela época o que estava para acontecer, teria surtado. Mas quem poderia prever? Eles não eram estrelas. Ainda não.

 

Agora, 62 anos depois, o que resta? Olhamos para trás com uma nostalgia pesada como chumbo. Em 01 de outubro de 2024, no Estádio Centenário do Uruguai, Paul McCartney subiu ao palco para tocar, talvez pela última vez, uma canção dos Beatles. A multidão delirava, lágrimas nos olhos, câmeras capturando o que restava da lenda. De Love Me Do à última nota, uma viagem que começou em um beco sem saída de Liverpool e terminou sob as luzes de um estádio lotado.

A história ainda está viva. Sempre nos surpreendendo. Sempre nos fazendo lembrar como tudo começou.

 

P.S.: Não deixe de seguir o canal do YouTube Catálogo Beatles, que foi responsável por capturar esse momento histórico com um clipe incrível de "Now and Then", montado a partir das gravações amadoras dos fãs. O legado dos Beatles continua vivo, e você não vai querer perder isso!

 

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