Quarteto Fantástico: Moléculas Instáveis

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Uma Bad Trip Gonzo pelos Quadrinhos

 


Cara, deixa eu te contar como tem sido minha última empreitada literária, uma verdadeira saga em busca de manter os olhos abertos. Porque, convenhamos, quem foi o desgraçado que inventou que ler deitado era uma boa ideia? O ritual começa assim: eu, um colchão fofinho, travesseiro bem encaixado, e aquele ventinho que parece ter sido convocado especialmente para me seduzir ao sono. Mas, como diria o velho Zagallo, “Aí sim, fomos surpreendidos novamente”.

 

Dessa vez, o escolhido para essa batalha foi Quarteto Fantástico: Moléculas Instáveis. Formato grande, tipo aqueles X-Men: Grand Design, uma dificuldade a mais para ler deitado. Era quase um convite ao coma literário. Só que essa HQ, meu amigo, não deixa você escapar assim tão fácil. James Sturm e Guy Davis vieram dispostos a te puxar pelos cabelos para dentro de uma história que tenta te vender a ideia de que o Quarteto Fantástico é real. Mas não do jeito que você está pensando — esquece superpoderes e viagens cósmicas, aqui o lance é bem mais embaixo.



Eles jogam Reed, Ben, Sue e Johnny direto nos anos 50, uma década onde o glamour e o heroísmo não têm vez. Reed é só mais um professor perdido na própria mediocridade, Ben é um veterano de guerra todo ferrado, e Sue? Sue não é invisível por seus poderes, é invisível porque a sociedade fez questão de apagá-la. É uma porrada atrás da outra na cara da América conservadora, que insiste em esconder suas cicatrizes e demônios atrás de uma fachada de normalidade. Esquece salvar o mundo — essa HQ é sobre sobreviver à vida real, e isso, meu caro, é uma missão bem mais ingrata.

 

A arte de Guy Davis é uma ressaca visual, suja, sem floreios, e você quase sente o cheiro do desespero emanando das páginas. E se isso não fosse o bastante, eles jogam no meio do caos a Vapor Girl, um contraste absurdo com a estética das fantasias coloridas das HQs tradicionais. É como se dois mundos estivessem em colisão constante: o da ficção idealizada contra a realidade crua. E você sabe bem qual lado vai vencer essa guerra.



Ler Moléculas Instáveis é como tomar um coquetel de ácido com vodka enquanto questiona tudo aquilo que você achava que sabia sobre a "família perfeita americana". É uma sátira que não quer saber se você está confortável, e é aí que ela te pega.

 

P.S.: As capas? Ah, claro, não vamos esquecer as capas. São do Craig Thompson, o quadrinista premiado, o gênio por trás de Retalhos e Habibi. Tá explicado por que são tão bonitas.

 

Quarteto Fantástico: Moléculas Instáveis

  • Editora ‏ : ‎ Panini
  • Capa dura ‏ : ‎ 128 páginas
  • Tradução: Gabriel Faria 

 

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