Ah, os gloriosos anos 80. Não, não era só o neon e o excesso de laca no cabelo. Era a época em que a televisão cuspia heróis absurdamente fantásticos para a molecada que, assim como eu, era deixada para criar sua própria diversão com a vigilância silenciosa de uma vizinha bisbilhoteira. A TV? Essa, sim, era minha melhor amiga. Ela me apresentou ao caos glorioso do Tokusatsu e, claro, ao único ninja que realmente importava: Jiraiya, O Incrível Ninja.
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Jiraiya, O Incrível Ninja - foto repordução |
Dez anos de idade. Imagina a cena: um moleque de cabelo desgrenhado, olhos vidrados na tela, com uma régua de costura nas mãos – o mais próximo que eu chegaria de uma espada. Essa era minha Espada Olímpica. Não me julgue, aquele pedaço de madeira era tudo que eu precisava para acreditar que podia, de fato, cortar um Dokusai ao meio. Ah, os dias em que as crianças podiam ser bobas em paz... Hoje, se você der uma régua para um garoto de 10 anos, ele provavelmente vai te hackear usando Wi-Fi. Mas, voltando ao que interessa: Jiraiya era mais do que um show, era um fenômeno. Aquele refrão chiclete – Ninja Jiraiya, Ninja Jiraiya, Ninja Jiraiya! – ainda ecoa nos meus ouvidos como uma doce tortura.
Naquela época, ninguém seguia uma série do início ao fim. Se você lembra do começo, você está mentindo ou tinha uma memória absurda para uma criança de 10 anos. O que ficou gravado na minha mente? Episódios aleatórios e o último, talvez... mas isso bastava. Agora, tente imaginar meu estado ao descobrir que a JBC ia lançar uma HQ que se passa 20 anos após o final da série. Ouro puro, meu amigo. Se chama: “Jiraiya - O Novo Império dos Ninjas”.
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Capa da edição - reprodução |
Aqui vai a sinopse para os incautos que ainda não estão no hype: Jiraiya está de volta. Vinte anos depois de meter a espada no rabo de Dokusai, o Mundo Ninja entra em ebulição de novo. Máfias, ninjas, caos, tudo que você quer. E o nosso herói? Agora é um pai de família, tentando segurar a paz que custou tão caro. Só que tem um problema: Jiraiya perdeu sua lendária Espada Olímpica. Enquanto tenta equilibrar fraldas e shurikens, outra velha inimiga ressurge: Benikiba, agora em busca de vingança. E, claro, ela não volta sozinha.
E o melhor? Essa HQ é uma produção 100% brasileira. O roteiro fica nas mãos afiadas de Chris Tex, com desenhos de Santtos e Jhonny Domingos. E deixa eu te contar, essa dupla entregou a violência ninja que todos nós esperamos. Afinal, ninjas sem sangue é como pizza sem queijo, pura heresia. Santtos brinca com os ângulos das páginas como se estivesse dirigindo um filme de ação de verdade – é cinematográfico, é brutal. Chris Tex, por sua vez, faz aquele truque sujo de roteirista bom: te deixa querendo mais. E aí vem o grande golpe de mestre: “Edição única da JBC”. O QUÊ? ÚNICA? Só pode ser piada de mau gosto.
Eu quero mais, muito mais. “Jiraiya - O Novo Império dos Ninjas” acendeu de novo aquele moleque de 10 anos que ainda vive em mim. E você também vai querer mais, eu garanto. Então, não pisque, não perca essa chance de reviver o melhor ninja de todos os tempos.
P.S.: Se algum dia você usou uma régua de costura como espada, sabe do que estou falando. Se não, bom... talvez você ainda tenha salvação.
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Jiraiya - O Novo Império dos Ninjas